Robinho e Delgatti planejam lançar casa de apostas após prisão

No interior paulista, no presídio de Tremembé, dois personagens improváveis articulam uma parceria empresarial: o ex-jogador Robinho e o hacker Walter Delgatti Netto. Ambos cumprem penas por crimes distintos — o primeiro, condenado por estupro na Itália, o segundo, por invasões cibernéticas de alta repercussão —, mas pretendem lançar uma plataforma de apostas esportivas assim que obtiverem progressão de regime. A notícia, trazida pelo blog True Crime em julho de 2025, revela um encontro entre fama e expertise digital em um setor em franco crescimento no Brasil, mesmo diante dos desafios regulatórios que persistem.

Estratégica e comercialmente, a união faz sentido. Robinho aporta a visibilidade oriunda da carreira no futebol, ainda que maculada pelo histórico judicial, enquanto Delgatti agrega know-how tecnológico, especialmente em segurança da informação e desenvolvimento de sistemas digitais. A intenção é capitalizar a popularidade das apostas esportivas, setor avaliado em bilhões de reais e que tem crescido apesar do quadro de incertezas legais e moralidades controversas que rondam o mercado. No entanto, essa aliança expõe os riscos reputacionais e legais para investidores e consumidores, uma vez que ambos os sócios se encontram sob fiscalização rigorosa do sistema penal.

O impacto desse movimento pode ser amplo. Caso se concretize, a empresa deverá navegar entre regulamentações estaduais e federais, controle de lavagem de dinheiro e a crescente pressão da sociedade civil por transparência e ética nas apostas esportivas. Além disso, o uso da imagem de Robinho poderá causar reação contrária dos torcedores e patrocinadores, que já demonstram cada vez menos tolerância a figuras públicas com passagens judiciais. Para o setor de tecnologia, o modelo também desafia o que se espera de empresas sérias em termos de governança e compliance.

À guisa de avaliação crítica, esse projeto empresarial, surgido no calor do cárcere, revela o paradoxo brasileiro entre reinserção social e preservação da reputação pública. Se por um lado é legítimo buscar novos caminhos de vida, por outro o mercado e a sociedade exercem um escrutínio inexorável, sobretudo em 2025, quando transparência e responsabilidade são exigências irrenunciáveis. Em se tratando de apostas esportivas, atividade já permeada por controvérsias éticas, a parceria entre Robinho e Delgatti talvez espelhe mais o dilema do que a solução, sugerindo que o jogo ainda está longe de acabar — e que os riscos, nesse tabuleiro, são consideráveis. Como dizem por aqui, "não é só abrir a porteira e deixar passar".

Fonte: JFE

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