Operação desmantela esquema bilionário de adulteração de combustíveis na Bahia

 

A Polícia Civil da Bahia, por meio do Departamento de Repressão e Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (Draco-LD), deflagrou nesta quinta-feira (16) a Operação Primus, uma das maiores ações já realizadas no estado contra fraudes no setor de combustíveis. O objetivo é desarticular uma organização criminosa responsável por um esquema bilionário de adulteração e lavagem de dinheiro, com atuação em várias regiões da Bahia e também nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

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Até o momento, sete pessoas foram presas, entre elas um empresário e ex-candidato a prefeito da cidade de Iaçu, identificado como Jailson Couto Ribeiro, conhecido como Jau Ribeiro, apontado como um dos líderes do grupo. Ele foi preso em Feira de Santana, durante as ações da operação. Outros mandados de prisão foram cumpridos em Feira de Santana, Conceição da Feira, Conceição do Jacuípe, Alagoinhas, Morro do Chapéu, Itaberaba e Iaçu, além de ações simultâneas nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

A operação contou com a participação de cerca de 170 policiais civis, com apoio da Secretaria da Fazenda da Bahia (Sefaz-BA) e da Agência Nacional do Petróleo (ANP). As investigações apontam que o grupo mantinha uma estrutura complexa voltada para adulterar combustíveis e distribuir produtos ilegais em larga escala. Estima-se que cerca de 200 postos de combustíveis estejam sob investigação por envolvimento direto ou indireto com o esquema criminoso.

 Armas, veículos e equipamentos apreendidos

Durante as buscas, foram apreendidas três pistolas, uma submetralhadora, carregadores, munições, além de dez veículos de luxo avaliados em valores milionários. Também foram encontrados equipamentos e produtos químicos usados na adulteração de combustíveis, que seriam distribuídos para abastecer postos controlados pela organização.

A Polícia Civil também solicitou à Justiça o bloqueio de R$ 6,5 bilhões em bens, imóveis e valores pertencentes aos investigados, incluindo empresas, contas bancárias e propriedades rurais, com o objetivo de interromper o fluxo financeiro do grupo.

 Estrutura e atuação criminosa

De acordo com as investigações, a organização operava um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro, utilizando empresas de fachada e redes de postos de combustíveis para movimentar valores ilícitos. O lucro obtido com a adulteração e comercialização irregular era reinvestido em negócios formais, veículos de luxo e imóveis de alto padrão.

A Polícia Civil identificou ainda que parte dos investigados mantinha relações com facções criminosas de outros estados, o que reforça a suspeita de que o grupo fazia parte de uma rede nacional de crimes financeiros e fraudes tributárias.

Presos e envolvidos

Entre os sete presos, além de Jau Ribeiro, estão Gilvan Couto Ribeiro, Wesley Márcio Duda, Diego do Carmo Santana Ribeiro e Robson Crispin Moreira Santos. Outros dois nomes não foram divulgados oficialmente, por estarem sob sigilo judicial.

Os investigados responderão por associação criminosa, adulteração de combustíveis, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e porte ilegal de armas de fogo. 

Mais sobre Jau Ribeiro

Jailson Couto Ribeiro, popularmente conhecido como Jau Ribeiro ou Jau da Lubrijau, é natural de Iaçu, mas reside em Feira de Santana, onde obteve o título de cidadão honorário em 2022. Ele já disputou a prefeitura de Iaçu nas eleições de 2020 e 2024, sem obter êxito. Em sua atividade empresarial, é reconhecido como um dos maiores revendedores da Shell no Brasil e proprietário de uma vasta rede de postos de combustíveis na Bahia.

Além de Jau Ribeiro, um filho dele também foi detido nas ações da operação, embora seu nome não tenha sido divulgado. Após a prisão, ambos foram conduzidos à sede da Polícia Civil em Feira de Santana, onde seguem custodiados à disposição da Justiça.

Nas redes sociais, Jau divulgava estilo de vida luxuoso, com registros de viagens, jantares, família e relacionamentos com figuras políticas locais e estaduais. A movimentação e visibilidade pública dele chamavam atenção em diversos municípios baianos.

As investigações apontam que Jau Ribeiro ocupava posição de liderança no esquema, com influência sobre postos de combustíveis utilizados para ocultar patrimônio e movimentar recursos ilícitos. Também há indícios no inquérito de que o grupo que ele integrava mantinha conexões com organizações criminosas interestaduais, inclusive com suspeita de vínculos com facções como o PCC.

Continuidade da investigação

O Draco-LD informou que a Operação Primus permanece em andamento e que novas prisões poderão ocorrer nos próximos dias. A força-tarefa também pretende aprofundar a análise financeira e contábil das empresas ligadas aos investigados, com o objetivo de identificar eventuais cúmplices e ramificações do esquema em outros estados.

Segundo a Polícia Civil, a operação representa um marco no combate à corrupção e ao crime organizado no setor de combustíveis na Bahia, e deve resultar em outras fases para ampliar o cerco contra os envolvidos.

Fonte: Ascom PCBA

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